Taipa revisitada

Projeto da Terra e Tuma Arquitetos Associados, essa casa rodeada pela natureza foi executada em taipa, utilizando método mais moderno

Insta: TERRA E TUMA ARQUITETOS

Em Hamlet, a certa altura da trama, o príncipe da Dinamarca declara: “Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me achar o rei do espaço infinito…” Com 60m2 essa casa, assinada pelo escritório Terra e Tuma Arquitetos, está longe de ilustrar algo tão diminuto, mas também não precisa de um milímetro a mais para que quem viva aí se sinta majestade do espaço que a circunda. Situada na parte mais alta do terreno, às margens do Rio Paraíba do Sul e rodeada de área de preservação permanente, suas principais aberturas permitem a visão da mata, do alvorecer e também do entardecer.

O vão central abriga sala e cozinha e se integra à área externa como uma grande varanda. Nos blocos fechados, com aberturas mais moderadas, ficam os quartos, banheiro, área de serviço e depósito. Tanto o contexto quanto a escala da edificação favorecem o uso do sistema construtivo em taipa para todas as paredes. Essas vedações são espessas, pesadas, maciças, de manufatura gradual e apresentam uma suave textura que revela cada camada assentada.

A taipa é uma técnica bastante antiga, mas aqui, foi executada com um método mais moderno. Para conferir uma maior durabilidade, foi utilizada a técnica conhecida como Terra Estabilizada Compactada – TEC (Stabilized Rammed Earth – SRE), na qual o cimento é adicionado à mistura original do solo para compensar possíveis danos causados pelo contato com a água.

As telhas e as vigas metálicas pousam sobre a construção e suas abas protegem as alvenarias externas do contato direto com a chuva. Os caixilhos encerram a vedação da casa e permitem que o abrigo se feche frente às intempéries ou se desdobre para o exterior, ocupando o terreno com estares efêmeros. 

A edificação reproduz uma tipologia de habitação rural chamada culata yovai, segundo grafia adotada por Antonio Carlos Barossi em sua tese. Trata-se de uma construção com dois blocos fechados contrapostos, com um espaço entre eles coberto e vazado. As áreas fechadas podem abrigar tanto os quartos como uma sala, um depósito ou, nas configurações mais recentes, a cozinha. O espaço central tem uma utilização variada e flexível, tanto para o trabalho como para o estar transformando-se em local de encontro e de passagem, constituindo-se numa transição quer entre um “quarto” e outro, quer entre um lado e o outro das áreas externas.

FOTOS – PEDRO KOK

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