Com esculturas e instalações hipnóticas, exposição no CCBB BH aproxima a arte à natureza e à tecnologia para provocar reflexões
Insta: STUDIO DRIFT – CCBB BH
Em cartaz no CCBB BH até seis de novembro, a mostra Studio Drift – Vida em Coisas usa a luz como um dos elementos básicos de construção da arte de Lonneke Gordijn e Ralph Nauta – da dupla DRIFT – para explorar as relações dos seres humanos com a natureza e a tecnologia. E eles conseguem fazer isso de simples e ao mesmo tempo profunda, permitindo a quem visita a exposição a oportunidade de vivenciar obras que tocam em elementos essenciais da vida na Terra. Ela faz parte da celebração dos 10 anos do CCBB Belo Horizonte.
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Nascidos na Holanda, os artistas do DRIFT se tornaram mundialmente conhecidos pela criação de esculturas, instalações e performances que colocam pessoas, ambiente e natureza na mesma frequência. Suas obras sugerem ao público uma reconexão com o planeta.
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De acordo com Alfons Hug – curador da mostra ao lado de Marcello Dantas –, ao escolher a luz como elemento central de suas composições artísticas, DRIFT “nos faz pensar no mundo de hoje, mas também em nossas origens, pois essa luz vem de longe e contém um vislumbre do passado remoto”.
O curador Marcello Dantas explica que existe uma racionalidade por trás das obras do DRIFT, que é a possibilidade da natureza e da tecnologia viverem em harmonia. “Seja pelo mundo biônico, seja pelo conceito de animismo, em que todas as coisas – animais, fenômenos naturais e objetos inanimados – possuem um espírito que os conecta uns aos outros”.
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O animismo em DRIFT significa, por exemplo, transformar um robô numa flor, revelando o encontro entre “a projeção que fazemos das coisas e aquilo que elas potencialmente podem ser”, complementa Dantas. “Ao estudar os seres vivos e tentar emular artificialmente seu comportamento, passamos a criar uma escuta e uma linguagem que, em alguma dimensão simbólica, podem ser sincronizadas”.
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Em Fragile Future, uma escultura multidisciplinar de luz, duas formas de evolução aparentemente opostas realizam um pacto de sobrevivência. Circuitos elétricos tridimensionais, de bronze, ficam conectados a sementes da planta dente-de-leão, que emitem luzes. Trata-se de uma escultura com forma potencialmente infinita, que pode crescer ou encolher, dependendo do espaço que ocupa. Para a construção, a dupla recorreu a sementes que, uma a uma, receberam luzes de LED, num processo artesanal que resiste aos métodos de produção em massa e à cultura do descarte.
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Na hipnótica escultura Shyligh (algo como “luz tímida”, traduzido para o português), em alumínio, aço inoxidável polido, seda luzes de led e robótica, as flores, durante a noite, se fecham, numa medida de proteção e de economia de recursos.
Se grande parte dos objetos feitos pelos homens tendem a ter uma forma fixa, o projeto do DRIFT, neste caso, é recuperar a ideia de que, na natureza, tudo está em constante metamorfose e adaptação. Assim, os objetos animados ganham a força de expressar, caráter e emoção.
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A escultura Ego, pensada inicialmente para compor o cenário da ópera Orfeu, representa a rigidez da produção da humanidade e o quanto é importante que essa produção se torne fluida, para que não colapse. A obra questiona o quanto nossas esperanças, verdades e emoções são resultado direto da rigidez ou da fluidez de nossa mente. Um bloco de fibra de náilon oscila, graças à ação de oito motores e um algoritmo pensado especialmente para a obra, acompanhada de uma composição especialmente feita pelos artistas.
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O papel humano na construção dos significados é abordado na série Materialism, na qual peças em formato de blocos comprimem objetos. Os materiais ganham uma forma condensada, instigando a imaginação sobre o papel humano na transformação da natureza. Neste projeto contínuo, o público pode conferir as obras: Fusca Volkswagen, Jogo Game Boy, Pandeiro, Havaianas, Bicicleta, Lápis, Cadeira Banquete (em parceria com o Estúdio Campana) e Cabo Elétrico.
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Na passagem por Belo Horizonte, a exposição contará com a exibição da Cadeira Banquete, criada em parceria com o Estúdio Campana, dos irmãos e designers Humberto Piva Campana e Fernando Piva Campana.
Também fazem parte da exposição as peças Amplitude, Franchise Freedom, Coded Nature, Drifters, Dandeligh e Making of DRIFT, uma instalação com peças que mostra uma espécie de “making of” do trabalho da dupla. Para a construção dessas obras monumentais, os artistas comandam uma equipe multidisciplinar de 64 pessoas, com um estúdio em Amsterdã e outro em Nova York.
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FOTO DE CAPA – SHYLIGHT. FOTO: OSSIP VAN DUIVENBODE.