Que delícia!

Banheiro é um refúgio? Sim, muitas vezes, e é bom que seja gostoso como as ideias apresentadas na CASACOR Minas

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No Brasil, costumamos chamá-los de banheiro, mas há casos e circunstâncias em que é comum escutar: onde é o ‘toalete’? Ou: ‘onde é o WC? Um lugar tão legal e importante e ainda cheio de restrições. Procure aí quem fala em banheiro abertamente. Bom, os israelitas chamam-no de “casa de honra” e os egípcios de “casa da manhã”. Bonito, não é? Mas a gente sabe que é um espaço da manhã, da tarde e da noite, dependendo dos hábitos e humores de cada um.

Sabia que Psicose, de Hitchcock, foi o primeiro filme a mostrar uma cena de banheiro e isso na época (década de 1960), foi considerado uma ofensa pelo público e a cena foi altamente criticada? Tem um monte de histórias ligadas aos banheiros e em plena segunda década do século 21, ainda tem gente discutindo se banheiro deve ou não ser unissex. Aliás, uma invenção do século 18, dizem, criada em um baile da nobreza em Paris, quando foi feita a primeira oferta de banheiros específicos para homens e mulheres.

Não vamos entrar nesse assunto hoje, mas ele é bom. Vamos direto para os banheiros apresentados na CASACOR Minas. O que se chama Sala de Banho Deca (aliás, quem não adoraria fazer do banheiro uma sala? Nós, sim! Imagina que delícia!). E os banheiros públicos da mostra, que foram assinados pelo arquiteto Cioli Stancioli e também, em outro espaço, pela arquiteta Camila Michele. Em todos eles, uma coisa é certa: os profissionais que os projetaram têm a certeza que esses ambientes merecem carinho, merecem mais atenção. É bom demais ter um banheiro gostoso de verdade, pensado com a mesma atenção que foi dada à sala de estar ou ao quarto.

A Sala de Banho Deca, por exemplo, projeto da CLS Arquitetura, das arquitetas Kívia Costa, Graziela e Erika Stekelberg,  é um projeto focado em aguçar sensações, seja pelo barulho da água que jorra de uma fonte que sai do teto e que utiliza torneiras da Deca nesse percurso da água, seja pelo olfato, ou pelo layout que conjuga peças orgânicas.

O ambiente se assemelha a uma varanda, mas ao mesmo tempo foi projetado como um espaço para se sentir protegido. Tanto o portal da entrada como o piso e parte de uma parede são em porcelanato que se assemelha à pedra. Emoldurada pela natureza, a sala por si só se abraça, com iluminação suave e diáfana.

E o banheiro propriamente dito? Nesse caso ele foi pensado como um espaço expositivo e não para o uso, já que vaso, bidê e banheira estão sobre a pedra portuguesa solta e mostram novidades da DECA.  A grande sacada do espaço são dois espelhos redondos de 2m de diâmetro, dispostos um de frente para o outro, criando, assim, aquela imagem infinita que nos faz parar e pensar, no caso, no nosso ‘infinito particular’.

Já o banheiro público da mostra, assinado por Cioli Stancioli buscou respeitar as árvores existentes no terreno e tem teto de vidro com iluminação zenital. Piso e bancada zig-zag –  desenho do arquiteto – em porcelanato azulado com veios e, na geometria interna, cubas pretas retangulares e espelhos redondos fixados por cabos. A alvenaria interna tem listras em branco e preto e a externa, acabamento brick, em clima nova-iorquino.

Na mesma pegada, o projeto de Camila Michele pensou em um refúgio, onde é possível ter uma experiência agradável, com jardim vertical dando aquele clima bom. Diz aí quem nunca pensou em um banheiro como refúgio? No caso, a arquiteta ainda deu um tratamento acústico ao ambiente. Delícia!

FOTOS DE CAPA – Ambiente de Cioli Stancioli. Foto: Daniel Mansur

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