Além de qualificar área degradada, projeto do parque Rachel de Queiroz, em Fortaleza, cria lagoas para drenar água de inundação
Insta: ARCHITECTUS S/S
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Um projeto que contempla uma área pública e a transforme em um parque para a população é sempre uma notícia alentadora. Principalmente quando ele está localizado em uma região de bairros carentes de espaços públicos qualificados, como é o caso da Zona Oeste de Fortaleza, onde o crescimento demográfico cresceu muito nos últimos anos.
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A recente inauguração do Parque Rachel de Queiroz é marcada por uma rápida apropriação pela comunidade do entorno. Projeto do escritório Architectus S/S, o parque tem 10 km de extensão e cerca de 203 hectares. Ele resgata grandes áreas degradadas e frequentemente alagadas por falta de escoamento das águas pluviais.
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Por sua grande extensão, o espaço foi dividido em 19 trechos e seis já foram executados. O conceito utilizado para a concepção do projeto foi o de Parque Linear, utilizando o sistema viário existente como conexão entre as áreas verdes que cortam diretamente oito bairros da capital cearense.
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O sexto trecho, recém-inaugurado, resgata uma área degradada que há muitos anos era motivo de preocupação para a população do bairro Presidente Kennedy. Antes, o grande terreno baldio, tomado pelo depósito de lixo irregular e esgoto clandestino, contribuía para agravar a poluição do Riacho Cachoeirinha, recurso hídrico que corta o terreno e que estrutura a maior área do parque.
Além disso, o intenso processo de adensamento dessa região da cidade e a consequente diminuição das áreas permeáveis no entorno acarretou alagamentos frequentes no terreno pela sobrecarga no sistema de escoamento das águas pluviais.
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Por se tratar de uma área de preservação municipal alagada, o projeto adotou a drenagem como eixo estruturador. Para melhorar a qualidade da água do Riacho Cachoeirinha, bem como, criar um sistema de amortecimento de cheias foi empregado a técnica das wetlands.
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Após estudos hidrológicos, foram propostas nove lagoas interconectadas que realizam um processo de filtragem natural das águas do Riacho e de galerias pluviais, através de decantação e fitorremediação. Esse processo é realizado por microorganismos que ficam fixados tanto na superfície do solo, quanto nas raízes das plantas aquáticas das lagoas.
Com grande potencial paisagístico, as wetlands são uma estratégia fundamental para a recuperação ambiental da área. A implantação de áreas verdes também envolveu obras de terraplanagem e o plantio de cerca de 600 árvores, determinante para melhoraria das condições de desenvolvimento da fauna e flora locais.
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Os caminhos entre as lagoas conduzem os frequentadores para áreas de permanência estruturadas com diversos equipamentos de cultura, esporte e lazer. Anfiteatro, cachorródromo, quadras poliesportivas, playgrounds, espiribol, espaço leitura, academia ao ar livre são apenas algumas das atividades disponíveis. Uma pista bidirecional que circunda todo o perímetro do Parque garante um espaço seguro e apropriado para caminhadas, corridas e passeios de bicicleta.
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A diversidade de usos proporcionada pelo programa de necessidades do Parque Rachel de Queiroz foi pensada para incluir e incentivar a apropriação do espaço pela população, entendendo o uso da área como componente fundamental para a sustentabilidade ambiental, evitando que volte a se transformar em local de depósito clandestino de lixo, entulho ou esgoto.
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O projeto do mobiliário urbano do Parque levou em consideração dois princípios: sustentabilidade e resistência: os brinquedos do playground, espaço PET e caramanchões foram executados com peças de eucalipto tratado. Já os bancos possuem assentos em madeira biossintética e estrutura de concreto.
A identidade visual também fez parte do projeto desenvolvido pela Architectus S/S. Desde a logo que evidencia as wetlands como protagonistas até a sinalização com placas e totens que não só direcionam, como educam e informam. Tudo isso para qualificar esse espaço público em diferentes níveis.
FOTOS: JOANA FRANÇA