Futuro do pretérito

Funcional, cheio de personalidade e sentido estético, legado do italiano Joe Colombo serve como potente energético para quebrar a mesmice

Quem consegue imaginar, hoje, como vai ser o futuro? Aquele, ao estilo Jetsons não chegou e já deixou saudades. Outros, projetados pela indústria de Hollywood como apocalípticos é do tipo que está longe de ser um exercício de pensamento necessário agora. Se houve um tempo em que o futuro imaginado era colorido, vibrante, inovador e instigante, ele se manteve acordado lá pelos meados do século 20, época em que a Itália se tornou líder mundial em design. Os especialistas italianos começaram a usar novos materiais, como plásticos, acrílicos e borracha, atribuindo uma enorme variedade estética aos produtos.

Unindo funcionalidade e beleza, eles transformavam objetos em acessórios de moda, mantendo a produção em massa usando técnicas modernas. A facilidade de distinguir o design italiano dos demais estilos no mundo é atribuída à forma, à individualidade e ao sentido estético das peças que eram criadas naquele país.

Há uma lista extensa de mestres e empresas italianas para deixar qualquer um com os olhinhos brilhando. Como começamos esse texto falando sobre o exercício de olhar para o futuro, elegemos enfocar o trabalho do designer Joe Colombo, que estava sempre à frente do seu tempo, buscando prever as necessidades de uma sociedade futura e procurando criar novas teorias e outros usos para os materiais.

Cesare Colombo, apelidado de Joe, tornou-se um dos principais nomes da estética pop. Filho de industrial, ele abandou a carreira de artista plástico e dedicou-se ao design de produto, deixando uma inegável contribuição para o mobiliário, que mesclava técnicas de pintura e escultura às novas tecnologias e materiais que despontavam na época. Sua habilidade para combinar cores e formas foram do convencional o tornaram atual mesmo nos tempos de hoje, apesar de ter falecido aos 41 anos, em 1971.

Um bom exemplo do que foi dito acima é a poltrona Tube, assinada por ele e produzida pela itlaiana Cappellini. Modular, flexível, simples e cheia de personalidade ela faz parte das coleções permanentes dos principais museus como, Triennale di Milano, Moma e Metropolitan Museum of Art em Nova York. Projetada em 1969, a poltrona icônica mantém suas características originais inalteradas. Os componentes são fabricados através de um processo de moldagem rotacional que permite produzir corpos ocos em uma única peça, empilháveis ​​um sobre o outro para evitar obstruções. O encosto e o assento têm a mesma forma e cada elemento é intercambiável dependendo das necessidades do usuário. Os tubos são montados juntamente com ganchos de fixação, enquanto o estofamento está disponível em couro ou tecido. 

Ao criar a Multichair, Joe Colombo inventou um móvel que reúne poltrona e cadeira em uma única peça. Feita de almofadas recheadas com espuma de poliuretano de alta densidade, forradas de tecido elástico, ela é puro conforto. Além disso, as partes que a compõe podem ser usadas individualmente ou rearranjadas. Dois cintos de couro são conectados ao estofado por fivelas, permitindo que o formato seja transformado ao prender as duas almofadas de várias maneiras diferentes. Assim, com todas essas possibilidades, fica mais fácil se esparramar e relaxar. E olha só que legal: a poltrona é superleve, então dá para montá-la com uma única mão.

É dele também a primeira poltrona fabricada com fibra de vidro, a Elda Armchair. A história de Joe Colombo ainda é repleta de muitas outras inovações, entre eles, alguns produtos que entraram para a categoria “habitat do futuro”, já que contavam com diversos móveis e eletroeletrônicos embutidos. Um exemplo disso são as criações Visiona 1, Total Furnishing, Cabriolet- Bed e Mini-Kitchen. Uma coisa é certa, obras de Joe Colombo poderiam ter surgido do cenário de um filme contemporâneo de James Bond. Elas exaltam o espírito estridente, bem anos 1960, mas também impressionam por destacada funcionalidade e formas marcantes.

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