Erika Januza deslumbrante na capa da revista POP-SE

Em entrevista, atriz fala sobre racismo, preconceito e também sobre o papel da mulher negra na sociedade.

Insta: Erika Januza

Em 2016, como editora da revista Salt, feita para o polo calçadista mineiro situado na cidade de Nova Serrana, convidamos Erika Januza para fazer a capa da publicação. Já era atriz global, já tinha mostrado sua beleza peculiar, já dava mostras da força que representa hoje, como artista negra engajada em causas sociais. Eu trabalhava no coworking Guaja e, quando ela entrou lá para conversarmos sobre o editorial, era como se uma luz nova estivesse iluminando o recinto. Mignon, com uma beleza que tinha um frescor evidente e uma simpatia dessas que dá aquela vontade mineira de dar aquele abraço apertado e longo, coisa comum em amigos de longa data, foi muito fácil o nosso primeiro bate-papo.

Tenho acompanhado sua carreira com mais atenção desde então. Quando vi as fotos que fez para a quinta edição da revista POP-SE, que a gente ama de paixão, ficamos de queixo caído. Erika aparece como uma diva no ensaio fotográfico de Victor Affaro, sob direção criativa de Alex Colontonio e André Rodrigues, esses dois queridos à frente da publicação que, além de ser linda, traz um conteúdo articulado e inteligente em nada menos que 400 páginas. Aliás, é bom dizer que essa dupla não tem medo de apresentar muito conteúdo sobre os valores, as pessoas e marcas em que acreditam, independente dos textos instantâneos a que somos submetidos nas mídias sociais.

E, claro, com Erika não foi diferente. Na longa entrevista que concedeu à editora Ana Paula de Assis, ela não se esquivou de perguntas sobre sua trajetória artística, sobre o papel da mulher negra na sociedade, sobre misoginia e preconceito. Sobre este último aspecto, ela assume: “Já fui aquela que se calava diante do preconceito. E eu entendo quem se cala. É um tipo de violência que a gente não está preparada. Ele acontece do nada e só por causa da cor da sua pele. Hoje, entendo que o preconceito pode acontecer em qualquer lugar e eu não o deixo passar. Se for preciso, vou para a Justiça. Racismo é crime! E temos a lei para nos defender. Não me calo diante de racistas”, afirma.

A escolha de Erika para a capa, segundo os publishers Colontonio e Rodrigues não foi por acaso. Eles contam que já era um desejo antigo da editora-chefe Ana Paula de Assis, ideia que foi comprada imediatamente pelos dois. “Compramos a ideia imediatamente e preparamos uma superprodução muito autoral, repleta de códigos de empoderamento, antimisoginia, antirracismo, bandeiras hasteadas desde o nosso primeiro número”, explicam. Deu pra entender porque a gente ama tanto essa revista?

Ainda sobre a entrevista concedida, Erika comentou: “Entendi que muitas meninas negras veem em mim a possibilidade de se inspirarem e acreditarem que podem ter um futuro melhor. E é isso o que eu quero incentivar. Quero que elas sonhem e acreditem que podem ter o que desejam. Com muita luta e foco, mas é possível, sim. Como mulher negra, a minha luta é manter as portas abertas para todas as outras que virão. Assim como fizeram no passado. Se hoje estou aqui é porque existiu uma Ruth de Souza, é porque existe uma Zezé Motta e eu quero preservar essa porta que elas abriram”.

Ficha técnica

Conceito, direção e criação: @decornautas por @allexcolontonio + @r_andreh + Ana Paula de Assis

Fotografia: Victor Affaro

Moda: Bruno Oliveira

Beleza: Walter Lobato + Renan Tavarez

Tratamento de imagem: @rgimagem

Adestrador: Cleber Santos

Samoiedas: Soha e Zion Zabaglione Tapioca Sputnik

Assistente de fotografia: Bruno Conrado

Musa da capa: Erika Januza veste mantô Bruno Oliveira

Vídeo: @pilints 

Agradecimento: @picsdv

Trilha: @pilmarques feat. @babydobrasiloficial

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