Entre o fantástico e o real

Pernambucano Hildebrando de Castro utiliza o enquadramento e a luz da fotografia como referências para o desenvolvimento de suas pinturas

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Hildebrando de Castro é um repórter da visualidade, um atento observador das formas e cores do mundo.  A sua capacidade técnica inegável está sempre a serviço de uma precisa e contundente análise sobre a vida e seus paradoxos, sobre os limites delicados entre o fantástico e o real. Quem disse isso foi Marcus de Lontra Costa e, ao observar o trabalho do artista é impossível não recorrer às suas palavras.

Hildebrando nasceu em Olinda, em 1957. Como toda criança, desenhava, rabiscava em bloco, em qualquer papel.  Autodidata, trabalhou primeiro como artista gráfico e depois foi alcançando níveis de excelência em cada técnica utilizada: da pintura em pastel à pintura a óleo ou qualquer outra de sua vontade.

Segundo Maurício Duarte, o artista pinta o que o interessa e quando vê o tema esgotado, passa para outro assunto.  Sua obra é essencialmente narrativa, mas as histórias que conta não são do domínio da realidade, são antes, um mundo paralelo que Hildebrando enxerga colado ao real.

Até sua primeira visita à Brasília, a arquitetura não havia sido escolhida como foco de seu trabalho. Nessa viagem, ficou impressionado com tudo o que via pela frente, mas o que realmente chamou sua atenção foi o Anexo da Câmara dos Deputados. “Era tudo ocre e havia uma luz incrível que parece só existir em Brasília”, comentou em uma entrevista.


Ali, Hildebrando ficou por horas, fotografando apenas aquele prédio e só depois, em uma nova viagem ao planalto central, mirou sua objetiva para outras edificações. Ele conta que o trabalho ficou engavetado por dois anos, até que ele compreendesse de que ele iria ganhar corpo através da pintura.

No começo, era uma discussão sobre a construção geométrica, depois, passou a ser uma representação figurativa onde o destaque maior era dado à arquitetura. Há um jogo ótico em que as sombras parecem reais, mas são pinturas. Essa série foi batizada de Arquitetura da Luz, e aborda os jogos de luz e sombra criados nos brise-solei dos prédios da capital do Brasil. A beleza das imagens resulta em peças de arte quase concretistas que desafiam o olhar.

O enquadramento e a luz da fotografia são referências para o desenvolvimento de boa parte das pinturas do artista. Nos anos 2000, ele pintou retratos de rostos difusos, paisagens indefinidas e brinquedos sempre um tanto mórbidos. Já a partir de 2010, desenvolveu a série Janelas, representações nítidas e geométricas feitas a partir de fotografias de fachadas de prédios repletas de janelas. As pinturas, em acrílica sobre tela, expõem outra vez a o virtuosismo de Hildebrando, que então estabelece vínculos com o construtivismo e suas vertentes.

Como resume Maurício Duarte, a sensação de que estamos todos sozinhos, de inquietação e do silêncio vazio está presente na obra de Hildebrando e o artista reflete nosso tempo de um modo que só um criador de arte magnífico e genial poderia fazê-lo.

Entre suas mais importantes exposições, estão individuais no Paço das Artes em São Paulo, em 2009, no Paço Imperial, em 1998, e no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1995 (ambos no Rio de Janeiro). Participou de mostras coletivas no Museu de Arte Moderna (de São Paulo e do Rio), no Haus Der Kulturen Der Welt (Alemanha), no Nuremberg Museum (Alemanha), entre outras. O artista vive e trabalha em São Paulo.

FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS PELA ZIPPER GALERIA

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