Encontro de mestres

Requalificada, casa da artista Adriana Varejão, com vista exuberante do Rio de Janeiro, tem projeto original assinado por Oscar Niemeyer

Insta: ADRIANA VAREJÃOSIQUEIRA AZUL ARQUITETURA

O que desperta a atenção ao olharmos para essa casa? Os detalhes instigam e envolvem ainda mais quando se sabe que é um projeto de Oscar Niemeyer, de 1969, com estrutura original preservada e vista para as belezas da Cidade Maravilhosa. Atiça ainda mais a curiosidade saber que, quando a artista Adriana Varejão e o produtor de cinema Pedro Buarque de Hollanda a compraram, sabiam tratar-se de uma ousadia.

Se antes era uma residência com acabamentos e instalações em mau estado e, pior que isso, com intervenções que a descaracterizavam, eles conseguiram, mesmo assim, ver ali a expressão da utopia moderna, com o traço de Niemeyer em espaços generosos e integrados que privilegiam a convivência e a comunhão com a natureza, como Adriana comentou em matéria publicada na Casa Vogue. A proximidade da montanha, afinal, também foi decisiva.

Foram quatro anos de reforma, projeto do escritório Siqueira Azul Arquitetura. Com a intervenção e expansão através da aquisição do terreno ao lado, a paisagem recebeu no seu entorno um jardim com traçados horizontais e verticais e um novo anexo lazer sobre um expressivo plano estendido flutuante entre piscina e jardim. O paisagismo, inclusive, desempenhou papel essencial nesta requalificação. Assinado por Isabel Duprat, ele privilegia espécies nativas, diluindo as fronteiras com o entorno e paisagem.

O complexo é formado por três construções independentes, conectadas por circulações determinadas por passarelas, passagens e escadas necessárias para a integração. As características arquitetônicas internas foram adaptadas, permitindo uma nova forma de apropriação.

Nos blocos principais, a fachada recebeu novos elementos arquitetônicos, como por exemplo, a malha quadrada com particular padronagem em ferro, que permitiu a execução de grandes painéis pivotantes.

No interior, há detalhes que merecem destaque, como a sala de jantar integrada ao jardim de inverno com cadeiras Lucio, de Sergio Rodrigues, e, ao fundo, painel de Adriana Varejão. Na parede, quadros de Antonio Dias (no centro) e Artur Barrio

A artista criou especialmente para o endereço três trabalhos em azulejaria, os dois primeiros, inéditos: um banco no pátio, o painel acima mencionado e uma instalação da obra Panacea Phantastica (exposta no Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG) na adega.

Também chama a atenção o anexo encostado na montanha, nos fundos do terreno, onde fica o escritório de Adriana. A escada escultural conduz, primeiramente, a um quarto de hóspedes, que ocupa um vão preexistente na pedra, e, lá no alto, a vista é panorâmica do Jardim Botânico, da Lagoa Rodrigo de Freitas e da linha do mar até as Ilhas Cagarras. Ao todo, uma construção de 595m2 de tirar o fôlego.

FOTO DE CAPA – ANDRÉ NAZARETH

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