Projeto da arquiteta Lena Pinheiro para casa de fazenda em Minas envolve cores e afeto numa composição cheia de charme.
Insta: Lena Pinheiro – Escritório Lena Pinheiro
Cercada da exuberância do verde das matas que a circundam, essa casa de fazenda, antes, era assim, assim, como diriam: sem graça ou gracinhas que confortassem o olhar e muito menos o corpo. Podia ter continuado do jeito que era, mas o proprietário decidiu que seria ali que sua morada. Como diz a música de Lenine, achava que tudo pedia um pouco mais de calma e o corpo um pouco mais de alma. Chamou a arquiteta Lena Pinheiro para fazer o projeto, cujo resultado pode ser conferido nas fotos que ilustram essa matéria. E, justiça seja feita, a estrutura da casa antiga era muito boa, não precisava mexer. Telhados e janelas, sim. Portas também. O resto foi chegando, como se já tivesse sido convidado para entrar há tempos, só esperando a hora certa.
Primeiro as cores, que numa composição intuitiva se assentaram na varanda ampla que ocupa toda a fachada e a lateral da casa. Que cor é essa, Lena? Ela não sabia defini-la e, então, batizei de miosótis, planta também conhecida como não-me-esqueças, cujas pequenas inflorescências terminais formam buquês azulados arroxeados com flores de cinco pétalas.
A cor entrou pela casa, subiu paredes, ganhou companhias cordiais. No chão, o vermelhão e o amarelão feito em cimento queimado. Nas amplas janelas em peroba do campo encontrou outros tons, misturou-se às alegorias cromáticas do ladrilho hidráulico, à palha que cobre o teto da varanda e de alguns cômodos. Em alguns espaços, a brincadeira de cores trocou o miosótis por outros matizes, conjugando amarelos e magentas.
O meticuloso trabalho foi feito com mão de obra da região, que também forneceu as madeiras de demolição das portas e do detalhamento. Assim, os ambientes foram se desenhando sem perder o conceito de casa de fazenda, com todos os ingredientes mineiros que se agregam a essa proposta. É o caso da palhinha, já mencionada, dos móveis, em grande parte rústicos, garimpados nos municípios vizinhos.
Há ainda detalhes que aguçam a memória afetiva, a presença pontual de obras de arte e do verde das plantas ornamentais. Entre as poucas intervenções feitas estão os panos de vidro no ambiente de entrada e no quarto do casal, permitindo que a natureza tão viva do lado de fora participasse do dia a dia casa. Os banheiros também ficaram mais confortáveis e práticos, porém sem perder a linguagem proposta para os outros espaços.
Fotos: Jomar Bragança