Paisagem de bioma brasileiro inspira projeto arquitetônico de casa em que uma escada e uma piscina no terraço são protagonistas
Insta: VAZIO S/A
O Cerrado é um dos sete biomas do país e abrange uma área de aproximadamente 1,5 milhão de km². Ali está um terço da biodiversidade brasileira e 5% da flora e fauna mundiais. Aliás, uma flora com árvores e arbustos espaçados e uma vegetação rasteira, que é considerada como uma variação sul americana da savana africana. Ele vem sendo sistematicamente destruído e tem apenas 2% de seu ecossistema protegido.
Foi inspirado na beleza dessa formação brasileira, que o escritório Vazio S/A projetou a Casa no Cerrado, no sopé da Serra da Moeda, próximo a Belo Horizonte, MG. A autoria é do arquiteto Carlos Teixeira, com colaboração de Leonardo Rodrigues, Daila Araújo e Frederico Almeida.
Em poucas palavras, ela poderia ser resumida em uma piscina no terraço e uma escada que leva a esse terraço, que também desempenha a função de mirante. Entretanto, há muito mais na plasticidade de sua arquitetura.
O jogo entre forma e função é espontâneo: as rampas e escadas da piscina estão estampadas nas fachadas e também conformam o espaço interno das salas. Uma estratégia que explora a relação programa/forma como uma correspondência absoluta e inevitável e como gerador do caráter da casa.
Abrigadas sob a piscina, as salas têm vista para a Serra e o Cerrado de árvores retorcidas. O sol do norte e do oeste é protegido por brises de eucalipto. Ao mesmo tempo que busca explorar a plasticidade de elementos arquitetônicos básicos, o projeto exalta este bioma pouco valorizado e ameaçado: o Cerrado. Não há projeto de paisagismo: a casa assenta-se sobre a paisagem encontrada, cuja imensidão pode ser bem vista sobre o mirante-piscina.
O projeto é de 2013 e a construção foi finalizada em 2015 em uma área bruta de 320m2 e área fechada de 142m2, em terreno de três hectares e mostra que a boa arquitetura não tem tempo, nem data, nem moda. É só paixão, poesia, coragem e precisão.
FOTO DE CAPA: GABRIEL CASTRO