Projeto de João Uchôa e Norah Fernandes no Palácio das Mangabeiras é uma aula de história sobre o design brasileiro.
Insta: João Uchôa – Norah Fernandes – Gabinete de Curiosidades – Casacor Minas
A sala de estar, projeto dos arquitetos João Uchôa e Norah Fernandes nesta edição da CASACOR Minas é pensada para isso mesmo, para parar e ficar. Para deixar que o tempo corra lá fora, mas ande em outro ritmo aqui dentro. O mobiliário já traduz essa intenção. Quase todas as peças têm mais de 70 anos e é original. São bens duráveis, preciosidades que contam um pouco da história do design brasileiro.
E mesmo com a idade avançada dos móveis, o ambiente, que passou por minucioso restauro, tem cara de novinho em folha. O pinho de riga foi revitalizado e até mesmo o teto foi pensado para se assemelhar ao que era usado nos anos 1950, época da construção do Palácio.
A sala foi pensada para uma casa contemporânea, embora não perca o elo com a década da construção do palácio. Como a lareira original não faz mais parte do acervo, ela foi substituída por outra, inspirada em uma feita por Sérgio Bernardes em 1954, para uma casa no Rio de Janeiro. A base é em pedra sabão e serve também como mesa de centro.
Em uma das paredes, o biombo de fundo preto pintado por Emeric Marcier, em 1959, pertenceu à família Bias Fortes, em Barbacena. Ao lado dele, uma simbólica escultura contemporânea de João Castilho com vários retrovisores de carro, serve para lembrar que, embora a vida seja para ser seguida adiante é preciso ficar atento ao que ficou para trás.
Próxima a essas peças, está talvez a mesa mais importante do ambiente: uma mesa bar original, desenhada por Joaquim Tenreiro para um apartamento no Rio de Janeiro em 1967. Já o sofá tem desenho dos arquitetos, com muitas almofadas soltas, acompanhado de mesinhas laterais art déco dos anos 30. Duas poltronas na cor mostarda, de Sérgio Rodrigues e duas prateleiras também do mestre, em jacarandá, fazem parte do percurso, bem como outra poltrona original, do acervo da família de Ricardo Fasanello, clássicos que se cumprimentam, bem como o par de mesinhas dos anos 1950.
Entre as obras de arte, a marinha em tons terrosos de Mariannita Luzzati e o conjunto de desenhos emoldurados de Nuno Ramos. A mesa de jantar em jacarandá, de Sérgio Rodrigues, também faz parte desse acervo de preciosidades, com duas cadeiras de Michel Arnauld, dos anos 1970, a cadeira anel, de Ricardo Fasanelo e duas poltronas curvas estofadas de seda feita à mão, de Joaquim Tenreiro.
Do lado de fora, um pátio lembra quintal de casa com duas pitangueiras, muro pintado a mão com argamassa de terra em uma mistura de vários minérios e, por isso, com uma gama de tonalidades, uma mesa Saarinen original, duas cadeiras em fibrocimento de Willy Guhl e ainda uma escultura de Frans Weissmann, que repousa no chão de lajes irregulares de pedra sabão.
FOTOS – Jomar Bragança