Com humor sutil, muita praticidade e criatividade, arquiteta solta a imaginação em projeto para escritório.
Insta: Nídia Duarte
Trabalho remoto, restrição social e tudo mais que virou o mundo de cabeça para baixo fez muita gente inventar um escritório em casa. Passada a primeira fase de adequação ao novo normal, a hora é de pensar em projetos para esse espaço que passa a ter um valor imponderável dentro das casas, dividindo espaço com a sala de jantar ou de estar, com o quarto de dormir ou onde quer que cada um tenha pensado em ter um home-office para continuar produzindo, mesmo que longe da empresa.
Há muitos projetos para esse fim. Depois de muita atenção a fatores imprescindíveis como ergonomia, ventilação, iluminação e acústica e mesmo depois de resolver o básico dos básicos, que é a mesa e a cadeira adequadas, é hora de pensar em um projeto que possa deixar o ambiente agradável, inspirador, produtivo e com identidade.
Entre os projetos que vimos recentemente, o Tendências escolheu o da arquiteta Nídia Duarte, batizado de Módulo Office, presente na mostra Janelas CASACOR Minas 2020. Ele chama a atenção não só pela criatividade e engenhosidade, mas também pelas muitas possibilidades que oferece, principalmente para quem se incomoda com um ambiente todo formatado e estático.
Para isso, ele se vale da arquitetura modular, que permite mais flexibilidade e mobilidade no escritório. Nessa pegada, chama a atenção os módulos criados pela arquiteta, que podem virar banco, mesa de centro, prateleira ou o que mais a imaginação inventar, para diferentes ocasiões. Em todos eles, há um recorte que lembra uma bandeirinha, ora vazados, ora fechados, para que se encaixem ou sejam empilhados com facilidade. Também bastante funcional é a mesa articulada, em travertino titanium, com tampo em laca metalizada, que pode ficar em formato convencional ou, caso haja necessidade, pode ter esse tampo deslocado para o lado, o que faz com que a mesa cresça e crie uma dinâmica em L. São propostas que permitem novas perspectivas e pontos de vista, sem perder a leveza.
E sem perder o afeto! Para isso, a proposta da arquiteta é quase lúdica, com um toque de surrealismo, já que a mesma estante que percorre a parede atrás da mesa avança pelo teto. Para conseguir esse efeito que parece desafiar a lei da gravidade, esses “livros” foram feitos em mdf, colados no teto e pintados em uma única cor. Surreal também é a jaboticabeira seca que simula estar enraizada também no teto e, assim, invertida de sua natureza, contraria as leis da física, ao mesmo tempo em que reverencia lembranças e memórias afetivas.
Embora em tons sóbrios, há esse humor e essa descontração proposta pela arquiteta em outros detalhes, como o do neon que escreve na parede Trink Different, com a segunda palavra propositalmente de cabeça para baixo.
Piso, parede e teto foram revestidos no laminado Hong Kong, lançamento da Duratex, que tem efeito de concreto envelhecido e cria um efeito marcante. A forma de iluminar o espaço também foi pensada para oferecer aconchego, feita através de uma tela retroiluminada, tensionada ao longo da parede lateral à mesa. Um jeito de dar uma graça extra a um ambiente que naturalmente tem suas formalidades e de deixar um quê de brincadeira no ar, em um espaço pensado como área de trabalho. Como diz a velha máxima, criatividade e produtividade devem e podem andar juntas.
Fotos: Henrique Queiroga