Quando a vontade flui

Aberta pouco antes da pandemia, Geo Victor Art Store é um espaço para conhecer de perto as obras da artista

Insta: Geo Victor Art StoreGeo Victor

Por mais de 20 anos, o design gráfico moldou o olhar da artista Geo Victor, profissão que a levou para o campo da moda, onde desenvolveu a identidade corporativa de muitas empresas do ramo enquanto criava para seu próprio negócio. Na moda, sua incursão pela fotografia também deu os primeiros passos, atuando na direção de cena para catálogos de lançamentos de algumas marcas mineiras. Essa trajetória que fez com que a artista se aprofundasse em campos diversos, permitiu também um amadurecimento gradual e contínuo até ela encontrar as formas de expressão que a sintonizassem com a sua pulsão pela arte.

Não diferente do que acontece com todo brasileiro que parte para o design gráfico a partir do racionalismo alemão (afinal somos netos da Bauhaus e filhos de Ulm), Geo Victor tem deixado aflorar uma identidade própria, multifacetada e complexa. E foi esse olhar gráfico, que a artista levou para a fotografia, que despertou o interesse de Gringo Cardia. Artista visual, designer, cenógrafo, arquiteto, diretor artístico, diretor de vídeo, teatro, ópera e moda, Gringo Cardia fala com conhecimento e experiência e, sim, ele reconheceu nela um talento singular. “ Um dia, ele me disse que o que eu fazia tinha uma estética muito apurada e eu deveria investir mais nisso”, lembra Geo. E foi exatamente o que fez. A consciência do conjunto de sua obra faz com que a artista não se considere fotógrafa, embora a fotografia seja uma quase constante no que ela apresenta. “Não sou fotógrafa. Sou uma artista visual que utiliza da câmera para registrar as imagens que crio e trabalho em cima delas, O que faço hoje é uma reinvenção do que estava acostumada a fazer como designer gráfica”, explica.

A validação veio também do mercado. A Tom sobre Tom, loja sofisticada de mobiliário em Belo Horizonte, foi uma das primeiras a comprar um trabalho seu. Na esteira dela vieram outras, como vieram também a participação em mostras como a CasaCor Minas, compondo os ambientes de arquitetos conceituados, como é o caso do trabalho que fez, entre outros, para Zilda Santiago e Ana Maria Diniz, o projeto da dupla contou com nada menos que 48 obras de Geo Victor, intitulada Intangível, e marcou sua trajetória pela representatividade alcançada.

Na exposição realizada para a mostra D+ Design em 2019, a artista pôde se soltar ainda mais e apresentar um trabalho autoral diverso do que vinha executando. Também foi um divisor de águas. A concepção das obras foi toda pensada para o local, a charmosa Livraria da Rua, localizada numa das esquinas mais cools da Savassi. Utilizando acrílico, madeira e papelão paraná nas peças expostas, foi a partir daí que o público que já acompanhava seu trabalho começou a entender que a artista ainda voaria por outras formas de expressão artística, fossem elas objetos, gravuras, o que mais vier.

Dupla sintonia

Desde 2012, a artista associou-se a Fernanda Machado de Souza, que cuida de toda a logística do negócio e do contato com os clientes. Exatamente um mês antes da pandemia dar as caras por aqui, em fevereiro de 2020, as duas resolveram abrir uma loja/galeria, para expor os trabalhos assinados por Geo Victor. A surpresa das restrições sociais impediu que elas fizessem uma inauguração, ou mesmo iniciassem projetos de parcerias artísticas com outras áreas, como a música, por exemplo, que certamente ainda vão acontecer.

Mesmo assim, a Geo Victor Art Store, localizada na rua Alagoas, número 601, num dos cantos mais agradáveis do bairro Savassi, persistiu ao momento pandêmico, abrindo para clientes com hora marcada. Não é uma porta para rua, mas é como se fosse, embora esteja situado num complexo de lojas entre jardins e muito ar livre. Charme, bom gosto, aconchego e a hospitalidade das sócias formam o combo perfeito para quem gosta de arte e de novidade. Nós fomos conhecer ao vivo e fomos surpreendidos por um espaço extremamente agradável em que é possível apreciar o trabalho da artista com calma e sem interferências externas.

Sobre seu trabalho, Geo Victor ainda afirma: “Arte não pode ser excludente, tem que ser acessível. A arte está ligada à sensibilidade e, por isso, qualquer pessoa deveria poder consumir e ter arte em casa. Isso muda a vida de qualquer um.”

FOTOS: Geo Victor

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