Identidade e coerência

Ao unir moda, arte e uma proposta coerente de trabalho e produto, a Coven surpreende com sua coleção Verão 2022

Insta: CovenDouglas SilvaPlay Arquitetura

Moda não é arte, mas, muitas vezes, ambas caminham juntas. A frase, solta numa conversa com o artista Douglas Silva funciona como um fio que se solta de um novelo para que se compreenda um pouco o atual trabalho da Coven. Intitulada “À mão”, a coleção Verão 2022 da marca parte de uma de suas obras, um rosto desconstruído e refeito de forma intuitiva utilizando camadas sobrepostas de retalhos, costuras, pespontos e experimentações que vão criando texturas e volumes. A série completa conta com 19 painéis, atualmente em exposição na loja da marca mineira em Belo Horizonte.

“Gosto da ideia de poder subverter qualquer regra de moda na minha arte. Nela, tento explorar cada mínimo detalhe que poderia ser considerado defeito em uma roupa e arrisco os excessos. Quanto mais excesso, mais verdadeira a minha obra”, comenta Douglas, natural de Gravatá, em Pernambuco. Formado em Design e em Moda, ele sempre consumiu e buscou referências nas artes e sabe que, trabalhando para uma marca consolidada como a Coven, tem que saber fazer o caminho inverso também.

Se moda não é arte, transformar arte em moda é um percurso complexo e bastante minucioso, até o resultado final: o design gráfico permite simplificar o desenho, que será transformado em estampa, para depois virar roupa e, a seguir, ser produzido em série. Essa ideia, entretanto, não resume o trabalho da Coven. Além da presença do trabalho autoral de Douglas, a diretora criativa Liliane Rebehy e a estilista Isabela Moura também mergulharam em infinitas possibilidades criativas, usando rolotês, cordões, detalhes em viés e seus desdobramentos, tanto no tricô, como nas peças em tecido plano e em malha. O resultado é um refinamento do trabalho manual que permite movimento e leveza das peças. Por sinal as técnicas manuais que fundamentam esse trabalho vão de encontro à arte têxtil para absorver elementos que a materializam.

Esse flerte entre moda, design e arte não é novidade na Coven. “Acredito que esse é um papel importante no nosso trabalho”, comenta Liliane. Para ela, utilizar a moda como meio para divulgar a arte está no DNA da marca. “A moda tem esse poder de atrair o olhar das pessoas para um artista, seja ele conhecido ou não. Por isso, criar essa coleção verão 2022 a partir do trabalho do Douglas, além de estimulante, reforça a nossa responsabilidade nesse sentido”, reflete.

Instalada em uma confortável casa dos anos 1960 em bairro nobre da capital mineira, inaugurada dias antes da pandemia, a Coven acrescenta a esse tripé o apreço pela arquitetura. A reforma, executada pelo arquiteto Marcelo Alvarenga, da Play Arquitetura apresenta um cuidado entre cheios e vazios, luz e sombra e a proposta de preservação, do nobre jacarandá, dos azulejos, da parede de pedra original e vários outros detalhes de época. “O Marcelo trouxe a contemporaneidade sem dar um ar de Maison, que não queríamos. Aqui nada é cenário, é uma casa mais despojada onde o cliente pode ser recebido no jardim de inverno e pode ir à cozinha tranquilamente. O espaço permanece com o código que tem a ver com a marca desde os nossos outros endereços”, comenta Liliane. Questão de coerência e identidade.

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