De competente gestora da Templuz e do grupo Loja Elétrica, Lorena Mattos com sua história de vida ensina que viajar é mais.
Insta: Lorena Mattos – Templuz
O joelho esquerdo ainda mostra a marca da última pedalada. Nada grave, principalmente para quem aprendeu a enxergar os problemas do tamanho real que eles têm, sem complicar. Lorena Mattos é assim. Lighting designer e gestora da Templuz e da Loja Elétrica, que conta com nada menos que 1.500 colaboradores, 11 filiais em Minas e cerca de 100 mil clientes no Brasil inteiro, era de se esperar que a profissional tivesse esse perfil focado e extremamente determinado.
“Sou uma pessoa que não vê dificuldade nas coisas. Por mais quebra-molas que apareçam na minha frente, eu vou sempre seguir em frente”. A metáfora, que utiliza com frequência, já antecipa um pouco da Lorena que adora trabalhar, adora atender as pessoas, o que aliás faz com uma sensibilidade rara. Interessa para ela não só saber o que o cliente quer, mas fazê-lo dentro do que ele pode. “A venda, pela venda, não me atrai. Ela é simplesmente o resultado de uma relação que se estabeleceu naquele momento”, ensina com sua sabedoria de vida.
Este ano, a Templuz, que faz parte do grupo Loja Elétrica, completa 15 anos de uma bem-sucedida trajetória. Instalada em um prédio bem localizado no bairro Sion, na avenida Nossa Senhora do Carmo, ela é muito mais do que um showroom. Como Lorena afirmava desde o início, o espaço foi destinado para novas experiências, para explorar as novidades tecnológicas da iluminação. Para que essa empreitada alcançasse êxito, a gestora entendeu lá no começo, que investir na gestão do conhecimento seria essencial. É importante deixar claro que, isso, a empresa tem feito intensamente desde que abriu as portas.
Se a pandemia impôs uma pausa nessas atividades, ideias e planos não faltam, segundo Lorena conta, para reiniciar as palestras e workshops com profissionais que possam oferecer essa bagagem de conhecimento, de treinamento, inovação de mercado e de produtos, para que tanto os profissionais do setor, como a equipe da Templuz se atualizem. “Sempre tivemos essa preocupação de passar conhecimento para o profissional. Ele só gera demanda quando tem conhecimento, quando ele sabe o que precisa e sabe especificar, agregando mais valor ao projeto do cliente dele”, explica.
Com tantas funções e responsabilidades, afinal, quem é a Lorena Mattos? Uma pessoa simples, tranquila, que não coloca a sofisticação como um holofote. Pelo contrário, prefere muito mais a proximidade com a natureza do que o luxo, muito mais a vida real do que qualquer ostentação. As pedaladas, citadas no início desse texto, são feitas com frequência, na companhia do marido, Wagner Mattos, e de um grupo de amigos que pratica o mountain bike, seja no entorno de Belo Horizonte, seja em locais mais afastados.
Longas viagens de carro também estão no topo de suas preferências. Já fez inúmeras. Com um grupo formado por quatro casais, foi a Machu Pichu, no Peru, à Patagônia, na Argentina, ao deserto do Atacama, no Chile… tudo de carro, saindo de Belo Horizonte. “Nessas viagens, não é o chegar que nos interessa. A gente procura aproveitar todas as experiências que cada momento nos proporciona, cada cena, cada curva que aparece pela frente”, diz com sabedoria.
Para que tudo saia como o planejado, ela explica que cada um dos integrantes tem uma função: do que estuda com afinco o roteiro para minimizar os imprevistos, à eleita como fotógrafa da expedição, embora tenha como profissão a medicina. Tem também o que anima os pitstops durante as refeições e à noite, antes que o sono venha, com violão e voz de alto nível. Sim, mas, e a comida? “A alimentação fica por minha conta”, diz Lorena, uma apaixonada pela cozinha. Mas sobre isso a gente fala logo mais.
Voltemos às viagens nada convencionais desse grupo, que passa por muitos lugares onde não há absolutamente nada. “Você tem que estar preparado para o que vai enfrentar pela frente”, diz. Calejados pelas experiências que vão colecionando, os viajantes levam a reboque muitas doações, que vão de roupas a utensílios e mantimentos. “A gente passa por lugares paupérrimos, vemos muita miséria do nosso lado”, conta Lorena.
Entre as inúmeras histórias, ela lembra de uma quando, em meio ao deserto, na Bolívia, avistaram duas crianças que, logo depois, sumiram da paisagem. Pararam o carro, foram procura-las e descobriram que elas estavam com os pais e um rebanho de carneiros no local em que viviam, um buraco situado logo abaixo de um barranco. “A gente para e pensa nessas pessoas, vivendo no nada, em condições mínimas. Eu vou reclamar de quê? E a felicidade estampada na cara daquela mulher? Como alguém explica? É um aprendizado muito grande, uma experiência muito forte. Aqui, a gente vai se obrigando a tanta coisa, a ter tantos adereços que não precisamos…”
Assim, o perfil de Lorena vai se desenhando. A mulher que não tem medo de dizer que seu melhor hobby é cozinhar, que faz “janta” todo dia, que o simples ato de descascar uma cabeça de alho, escutando boa música e acompanhada de uma taça de vinho a faz relaxar totalmente. E não só ela adora cozinhar, nesse espaço da casa, a companhia do marido é frequente. Mãe de duas filhas e agora avó de duas netas, Lorena é prática. Em casa, só tem o que usa. “Detesto abrir um armário com 300 coisas caindo em cima de mim”.
Sobre as amizades ela também é sintética: “Não sou aquela pessoa que tem um milhão de amigos, mas os que estão nessa jornada conosco são amigos verdadeiros, que a gente ama de paixão”. Por isso mesmo, ela e o marido adoram recebe-los em casa, Lorena geralmente no comando do que será servido à mesa. Simples assim, como a vida deveria ser. Lorena é uma verdadeira lição de vida.