Projeto da arquiteta Ana Bahia para CASACOR Minas oferece ao olhar um agradável encontro entre o familiar e o inusitado
Insta: Ana Bahia Arquitetura – CasaCor Minas Gerais

Destemida em seus projetos, a arquiteta Ana Bahia tem aquela segurança rara de quem sempre sabe dar um toque de ousadia à sofisticação que caracteriza seu trabalho. É algo que nunca passa despercebido. Ao contrário, reforça a identidade do ambiente, dando a ele um caráter único.



E foi exatamente isso o que ela fez na Sala Brasileira, que faz parte desta edição comemorativa de 30 anos da CASACOR Minas. A meia parede que rodeia todo o espaço usa um revestimento simples, comum em fachadas de edifícios e comprova esse talento da arquiteta de elevar materiais ordinários a uma nova escala. Essa certeza fica ainda mais evidente quando ela resolve usar um marcante tom de vinho nessa meia parede e conjugar, logo acima, uma textura italiana em um tom clarinho.


Também na percepção do espaço, o equilíbrio de volumes, cores e texturas e a escolha exigente de cada adorno ou obra de arte somam em um conjunto harmônico que não abre mão de uma personalidade marcante. Permanecer com o piso original e delimitar o estar com um enorme e único tapete vintage assinado pelo arquiteto Chicó Gouveia é mais um capítulo desse projeto que consegue criar uma atmosfera de acolhimento na medida.

É importante destacar que o projeto de Ana Bahia celebra os 80 anos da Líder Interiores e, sob essa perspectiva, a arquiteta também soube ir além, criando novas possibilidades para o mobiliário da marca, com excelente resultado. Um exemplo é o sofá Wow, que ela especificou a cor mostarda e usou o veludo no revestimento. Outro, é a mesa de jantar Figa, que ela preferiu laquear. Mais que isso, a arquiteta criou com essas peças um diálogo com móveis modernistas brasileiros, mais uma vez subvertendo a ordem, como é o caso do sofazinho de época, de autor desconhecido, típico de varandas, que entra para o estar quebrando a formalidade do ambiente. Destaque também para a poltrona tubular cromada, assinada por Geraldo de Barros, de 1970, garantia certeira de bossa em qualquer espaço.


Outras peças que merecem um olhar atento são os banquinhos Queijo, lançamento da Alva Design, acompanhados de luminárias de chão, vintage, da Pé Palito. Outro lançamento é a luminária Catamaran sobre a mesa de jantar, assinada por Sérgio Stark para A de Arte. E, como não poderia deixar de ser, a arte entra com a forte expressão do trabalho de Lucas Dupin na parede do jantar e da aquarela de José Alberto Nemer que ultrapassa a geometria com o gestual, manchas e formas mais rigorosas. No resumo do projeto, um feliz encontro entre o familiar e o inusitado, cujo resultado agrada e surpreende o olhar.

FOTOS: JOMAR BRAGANÇA