Tempo entre parêntesis

Inaugurada há 20 anos, casa com projeto de Zilda Santiago e Anamaria Diniz não elege calendário para ser sempre presente

Insta: Zilda Santiago e Anamaria Diniz Arquitetura

Gostosa de ver, o que dá para deduzir que é gostosa de morar e, pela experiência de cada centímetro de parede erguida e piso assentado, gostosa de projetar também. É esse o sentimento das arquitetas Zilda Santiago e Anamaria Diniz em relação a essa casa, situada em um condomínio próximo a Belo Horizonte.

Já se foram 20 anos desde que ela foi inaugurada e o impacto que causa continua o mesmo. O segredo? Uma mistura do carinho dos proprietários, que queriam morar bem e que a casa trouxesse um pouco da personalidade deles, com o carinho das profissionais, que souberam traduzir esses desejos nos ambientes e nas áreas externas. Uma moradia atemporal, porque não se atrela a modismos e sim ao gosto particular de quem vive nela.

A mistura de peças antigas e muita transparência permite aconchego e, ao mesmo tempo, integração com a área externa. Implantada em um terreno de dimensões generosas, a casa se esparrama. Teve ainda o privilégio de usar em sua estrutura, toras de eucaliptos – a devidamente tratadas – nativas do local.

Internamente, o forro em madeira tipo ‘saia e blusa’, em que a madeira se encaixa em reentrâncias e saliências, traduz no teto a essência natural que está por toda parte. Portas de demolição, um toque balinês, piso em cimento, pedra e ladrilho hidráulico e, nos quartos, em madeira, compõem esse bem formulado mosaico.


A cozinha é um dos destaques, aberta, com janela camarão e balcão antigo bem ao centro, palco de uma orquestra de histórias. Elas passam pelo ladrilho hidráulico espanhol, percorrem a geladeira retrô, peças lendárias como uma grande caixa registradora e muitos outros detalhes que podem parecer vindos de um cenário, mas não a deixam menos funcional.

Cores, pé direito alto, um jardim de inverno bem no meio da sala fazendo a circulação dos quartos e bastante usado pelos moradores vão sendo registrados pelo olhar atento. São quatro suítes, sendo a principal, a maior, aberta para uma charmosa varanda. Nela, as amarrações à mostra das toras de eucalipto da estrutura mostram que, aqui, todo detalhe é parte do contexto. Um lago com cascatinha rodeia a casa, dando o arremate perfeito a um conjunto bastante harmonioso em que faz parte até mesmo a cor escolhida para a fachada externa, um azul miosótis.

FOTOS: Jomar Bragança

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