O centro vibra

Um dos retrofits mais comentados dos últimos tempos é o do edifício Renata Sampaio Ferreira, na região central de SP

Insta: METRO ARQUITETOSALLES BLAU

O grande mestre Paulo Mendes da Rocha disse uma vez que, quem tem medo do centro, tem medo da liberdade. Ele falava sobre um jeito de viver que o paulistano andava esquecido, ao optar por ficar preso em sua própria casa e sequer saber o que é andar de metrô e conhecer, de fato, o centro de São Paulo.

Essa ideia tem mudado nos últimos anos, principalmente com ações como o programa Requalifica Centro da prefeitura de SP, que faz parte do conjunto de ações para a recuperação do centro da cidade, coordenado pelo comitê #TodosPeloCentro.

Um dos retrofits mais comentados dos últimos tempos, a do edifício Renata Sampaio Ferreira é um bom exemplo. Com atualizações e adaptações arquitetônicas comandadas pelo escritório Metro Arquitetos, o Renata Sampaio Ferreira, originalmente de uso comercial, foi transformado em um vibrante complexo cultural, gastronômico e residencial.

A assinatura original do edifício Renata é do arquiteto moderno paulista Oswaldo Bratke (1907-1997), companheiro de profissão de nomes como Rino Levi, Gregori Warchavchik e Jacques Pilon.

O prédio data de meados da década de 1950 e apresenta soluções construtivas inovadoras quando comparadas a obras anteriores de Bratke, a exemplo da predominância do concreto aparente, do programa distribuído em dois grandes volumes e do uso expressivo dos cobogós do piso ao teto, marcadamente empregados pelas fachadas da construção.

Os elementos vazados, que tão bem definem a identidade projetual do edifício, permaneceram preservados. Há ainda uma complexa distribuição de usos, a começar pela torre originalmente concebida para lajes de escritórios. Dedicada a moradias de curta ou longa estadia, a reconfiguração dos espaços definiu 5 tipologias de plantas, totalizando 93 unidades de 25 m² a 284 m² – incluindo estúdio, 1 quarto, 2 quartos e duplex de 2 a 3 quartos.

No design de interiores do edifício, também assinado pela Metro Arquitetos, prevalecem tons fechados e terrosos que combinam com elementos de madeira e metal. Tudo alia a tradição e a nostalgia do centro histórico com o pulsar autêntico da metrópole. Completa a atmosfera a comunicação visual da dupla de designers Elisa von Randow e Julia Masagão, à frente do estúdio Alles Blau.

Já os interiores dos apartamentos flertam com a sobriedade do modernismo e do minimalismo da marcenaria nipônica, marcada pela dualidade entre branco e preto.

Há também espaços para eventos como exposições, workshops, performances, festas, pop-ups e outras ocupações criativas. Os moradores usufruem ainda de áreas condominiais que atualizam o projeto original com comodidades que vão desde academia e sauna até uma piscina com solário e vista privilegiada para o conjunto central.

Ao longo de 2024, o térreo integrado à rua passa a concentrar um novo complexo gastronômico, a começar pelo café de esquina Nata, que oferece clássicos da boulangerie francesa e receitas típicas do café da manhã brasileiro.

Já o bar Lágrima vem inspirado nos bares de Jazz de Tokyo, com som de altíssima fidelidade e dedicado à alta coquetelaria. E a brasserie Renata Bar e Restaurante é outra novidade, com clássicos da culinária francesa combinados a homenagens a São Paulo contemporânea, comandada pelo Chef franco-brasileiro Patrick Bragatto.

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