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Projeto do escritório Casa Tereze para apartamento em São Conrado, no Rio, une a bossa carioca com a alma mineira

Insta: CASA TEREZE

O semiólogo e filósofo francês Roland Barthes já escreveu que a cor é uma espécie de felicidade. E, ao longo da história, é possível perceber que os humanos não mediram esforços para apreciar a cor, fazendo longas e até perigosas buscas para obter os mais brilhantes e diferentes pigmentos.

Mesmo assim, porque será que a vida moderna tem apagado essa vibração das cores? Tem teorias e estudos sobre o assunto, mas o foco aqui é em quem foge dessa regra. E entre os que não tem medo de ser feliz sob esse ponto de vista, o carioca parece se sair muito bem.

É que o morar do carioca não foge de matizes e nuances. O projeto do escritório Casa Tereze, dos arquitetos Joana Hardy, Antônio Valladares e Tereza do Prado para um apartamento em São Conrado, confirma essa máxima e ainda inclui um tempero valioso na receita: une bossa carioca com alma mineira que, por sinal, traduz muito bem a proprietária da residência.

Para um mineiro de raiz, amor mora nos detalhes, na memória afetiva que narra a casa. São características que, somadas à proposta arejada e jovem, típica do Rio, oferecem sabor aos ambientes. Eles têm uma atmosfera despojada com aquela elegância na medida (os mineiros são mestres nisso). No resultado, além de traduzir a proprietária, tem muito do DNA do escritório Casa Tereze que costuma ter uma pegada nada contida.

Além das camadas de cores que agradam qualquer olhar, a leveza está em toda parte.  O uso de materiais mais naturais e texturas junto com peças garimpadas em vários antiquários de Tiradentes, BH e do Rio cria uma cena em que o novo e o antigo se misturam sem ruído. Fazem mais que isso: dão contorno para destacar as obras de arte, acervo da dona da casa. Entre elas, uma tela de Burle Marx sobre o aparador e uma peça do artista Zemog, que por sinal é a cara dessa fusão Minas/Rio.


FOTOS – JOSÉ HENRIQUE PAIVA

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