Jezebel é coisa nossa

Bartender e mixologista Cibele Guimarães valoriza sabores brasileiros

Insta: Cibele Guimarãesdrinksporjezebel

Há mais de 20 anos na lida de bares e restaurantes, Cibele Guimarães ficou conhecida, mesmo, quando encontrou o lugar onde se sentia mais confortável: atrás do balcão. Foi por Influência de uma amiga que trabalhava no ramo que ela se apaixonou pelas alquimias da coquetelaria. Era 2011, ela estava em Barcelona, uma das cidades mais frenéticas da Europa no quesito vida noturna e foi justo lá, na Cataluña que essa história começou a tomar forma. Por lá ficou por três meses e, ao retornar ao Brasil, a ideia era continuar investindo na recém descoberta.

Deu certo. Entre 2012 e 2013 ela comandou balcão de um dos bares mais movimentados da época, o Arcângelo, que marcou a volta da efervescência noturna do Edifício Maletta, referência de várias gerações boêmias de Belo Horizonte.

Daí em diante, ela foi galgando história e reconhecimento. Cibele criou a marca “Drinks por Jezebel”, nome pelo qual é conhecida na cena noturna da capital mineira e, no currículo, tem passagem por diversas casas de BH não só como bartender, mas também como consultora de bar. Ano passado participou do projeto #happyhourcriadores da YouTube Brasil, apresentando um drink autoral em lives para top criators de conteúdos da plataforma. Assinou também o comando do balcão do badalado Guaja, para onde já acertou seu retorno, quando a pandemia e as medidas de segurança sanitária derem uma aliviada.

Aliás, por falar em pandemia, no início do período de restrição social, Cibele aproveitou a entressafra para estudar mais sobre a riqueza das nossas espécies vegetais. “Tive o prazer e a chance de conhecer um projeto que se chama “Do Mato pro Copo”, uma oficina sobre aplicação de pancs, do cultivo à coquetelaria”, comenta. O interesse por produtos genuinamente brasileiros, que já era grande, só aumentou e ela tem aprofundado seus conhecimentos e pesquisas nesse sentindo, para ampliar suas criações. “Soluções simples para driblar a sazonalidade não faltam, como licores e compotas, infusões e até as famosas garrafadas tradicionais nas regiões norte e nordeste do Brasil” entusiasma-se.

Cibele está coberta de razão. Primeiro, porque o Brasil tem nada menos que nove biomas ricos em frutas, ervas, madeiras, sementes e mel de variadas qualidades. Segundo porque, só para dar um exemplo prosaico, a nossa famosa caipirinha é celebrada por paladares gringos extremamente exigentes. Imagina então, o vasto campo a ser explorado nesse sentido, dada a riqueza da nossa terra? Um dos problemas apontados por Cibele para que isso ainda não tenha deslanchado é a marginalização das bebidas ditas de boteco e, dentre essas, a brasileiríssima cachaça, bebida que é tão nossa e, ao mesmo tempo, tão diversa, graças à riqueza de espécies de madeiras encontradas na terra brasilis.

“Está tudo aí, ao alcance das nossas mãos e das nossas pesquisas, produtos com boas condições comerciais, com custos mais acessíveis e, o mais importante, que valorizam a nossa cultura”, reflete sabiamente. E, para provar que o que fala tem poder, ela nos presenteou com a receita de um drink que assina, bem brasileiro e maravilhosamente saboroso, que tem surpreendido paladares refinados e bem exigentes:

DONA BEJA

Ingredientes:

  • 60 ml de cachaça Jequitibá curtida com alecrim e pimenta de macaco
  • 1 cubo de 2 cm de rapadura
  • 25 ml de limão siciliano

Decoração: broto de alecrim

Modo de preparo:

A cachaça é infusionada com alecrim e a pimenta de macaco por 36 horas, em local com pouca luz.

Derreter a rapadura com água no micro-ondas (uma quantidade suficiente para cobrí-la em uma xícara de café).

Adicionar todos os ingredientes na coqueteleira com bastante gelo.

Bater por aproximadamente 20 segundos e fazer uma dupla coagem para uma taça previamente resfriada.

Eis a receita, ótima para aproveitar a alta do dólar como um limão, pra fazer um genuíno coquetel tupiniquim. Tim tim!

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