Esse frescor tão necessário

Coleção composta por cinco mesas que remetem a piscinas vazias, da Alva Design, brinca com o imaginário coletivo

Insta: @alva_design

No Brasil, os azulejos como material de revestimento estão presentes desde os primórdios. De uso corrente nas edificações coloniais, ele foi recuperado no início do século 20 no movimento de formação de uma arquitetura brasileira de caráter nacional, primeiro no neocolonial e depois pelos modernos. A obra de Athos Bulcão parte dessa retomada e atualiza o sentido do azulejo como protagonista da obra arquitetônica. Se para além das áreas molhadas como cozinhas e banheiros, a ideia de utilizar o material nas fachadas continua a atrair muitos arquitetos, pensar no azulejo fora desse âmbito ainda é um campo vasto e profícuo de exercícios.

A ideia de leva-lo para o mobiliário e, mais do que isso, fazer com seu uso uma referência real à piscina foi uma das grandes sacadas da Alva Design, que tem à frente os irmãos, o arquiteto Marcelo Alvarenga e a artista plástica Suzana Bastos. Composta por cinco mesas: “Fundo Azul”, “Piscina Azul”, “Quadrado Amarelo”, “Rampa Cinza”, e “Raso Rosa” a coleção Piscinas foi feita a partir de material garimpado em ‘cemitérios de azulejos’. São volumes e planos criados a partir dessas peças, somando ainda a base em aço e, em uma delas, a composição com a madeira, que permitem uma experiência nova, como uma proposta de outras leituras da realidade.

Interessante é que essas peças, criadas em janeiro de 2020, começaram a ser executadas em maio, para que fossem apresentadas na SP Arte, que teve sua primeira edição online no ano passado por causa da pandemia, reunindo 136 expositores. Ou seja, intuitivamente, a Alva Design, mesmo que a intenção fosse a de despir os móveis de seus significados mais diretos, já se antecipava ao que viria com o isolamento social, esvaziando as piscinas à sua maneira.

As mesas da coleção, além de atenderem às funções de apoio, brincam com a nossa memória afetiva que se conecta com esse estilo de piscinas mais antigas, azulejadas e com diferentes profundidades e rampas. Peças que exercem uma atração imediata em quem as experimentam, mesmo que só pelo olhar. “Quisemos passar essa coisa meio nostálgica mesmo e, ao mesmo tempo, pensamos que elas poderiam passar um certo frescor”, observa Marcelo.

E passam mesmo, já que ampliam as possibilidades da imaginação e, ao mesmo tempo, da coexistência da objetividade e da subjetividade em um design bem pensado e muito bem executado, com um toque de humor tão necessário ao momento.

Fotos: Studio Tertúlia

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