Concreto, vidro e muito verde no projeto do arquiteto Humberto Hermeto que imprime a boa arquitetura em todos os detalhes
Insta: Humberto Hermeto
Uma casa que parece pousar no solo, já que desfruta da continuidade espacial criada com o entorno. Esse pouso só não é fato definitivo, porque ela está solta do chão a uma altura de pouco mais, pouco menos do que 70 cm. É esse colchão de ar que permite que ela acorde ou durma sem a interferência do contato direto com a umidade da terra.
Projetada em dois núcleos, com área social na frente do terreno e área íntima ao fundo, a ligação entre ambas é feita pelo espaço de convívio, de refeições, cozinha e a área de serviço. A conformação em C cria um pátio central voltado para a área verde da casa, que se estende para um bosque no terreno ao lado. Aqui, a vegetação faz parte de um cuidadoso projeto que parece brincar com luzes, sombras e formas. E o concreto aparente confirma que a estrutura pode se transformar em acabamento. O cuidado está na forma feita de réguas de pinus que recebe o concreto armado, imprimindo nele o desenho dessa madeira.
Abertos, os panos de vidro permitem uma ventilação cruzada nos ambientes em que nada compete entre si. Ao contrário, há um diálogo fluido entre os espaços, o mobiliário e as peças escolhidas. Poderia ser só uma inteligente solução de layout, mas madeira inclinada do forro dos ambientes tem também função específica de controlar a acústica. É bom ressaltar que o conforto acústico também está presente em outros detalhes.
O resultado desse projeto onde a boa arquitetura se apresenta é a sintonia dos elementos – concreto, vidro, e muito verde – moldando amplos e ventilados espaços. Uma casa moderna, prática e, ao mesmo tempo aconchegante, na qual a sofisticação está nas formas e na sensibilidade da proposta em que arquitetura e design de interiores são meios conformadores da apropriação do espaço.
Fotos: Gustavo Xavier