Com poesia no traço e nas escolhas dos materiais, projeto de residência da Tetro Arquitetura encanta pela proposta singular
Insta: TETRO ARQUITETURA

Na Casa Seriema, projeto da Tetro Arquitetura, uma parede sinuosa divide dois mundos opostos: o sol e a sombra, a montanha e o bosque, o social e o íntimo, o escancarado e o escondido, o explícito e o enigmático.


Antes disso, porém, há uma estrada como prefácio. Para acessá-la, é preciso atravessar uma serra, um deslocamento que marca uma transição. Ao deixar para trás os ruídos da cidade, chega-se a um ambiente sereno, plenamente integrado à natureza.



Localizada nos arredores de Belo Horizonte, a casa se insere com harmonia nesse singular jogo de contrários: de um lado, uma vista ampla e aberta para as montanhas, do outro, mata fechada.


Nesse equilíbrio entre paisagem expansiva e refúgio sombreado, a natureza pulsa também pelos sons emitidos pelas aves típicas da região, que circulam livremente pelo local. Uma delas, a Seriema, inspirou o nome da residência.

Mais do que uma moradia, esta é uma casa concebida como um espaço de pausa. Um lugar para ler, descansar, contemplar a paisagem e compartilhar momentos com os amigos. O desejo da moradora era criar um ambiente de encontro e leitura, onde a arquitetura dialogasse com a poesia.


Em arquitetura, poesia se faz com desenho e sutilezas. E, quanto mais livre o traço, mais profunda ela se apresenta. Aqui, o traço poético se materializa nessa parede sinuosa, que divide a casa em dois universos que, apesar de distintos, ganham fluidez absoluta com o material escolhido para uma transição sem traumas.


No piso, o uso da pedra portuguesa é como um tapete sobre a grama, que parece estendido com capricho para o pouso da casa. A mesma pedra está também nas curvas que insinuam os opostos, sem apartá-los.

FOTOS: LUISA LAGE