Em plena Serra da Mantiqueira, casa com projeto de Guilherme Paoliello oferece charmes e encantos que valem a pena conhecer
Insta: GUI PAOLIELLO – TAIPAL CONSTRUÇÕES EM TERRA
Na Serra da Mantiqueira, no município de Santo Antônio do Pinhal, com vista magnífica do horizonte sobre a mata nativa adjacente, a localização privilegiada dessa casa já é um motivo nobre para que seus encantos saltem aos olhos. Mas há outras razões que fazem com que o projeto do arquiteto Guilherme Paoliello seja admirável. Entre elas, o fato de utilizar técnicas construtivas adaptadas ao local, de baixo impacto ao meio ambiente. A residência também dispõe de sistemas sustentáveis próprios, como aquecimento solar, geração de energia fotovoltaica, captação e reaproveitamento das águas pluviais, o que torna a construção praticamente autossuficiente em consumo de água e energia elétrica.
O charme vai além. Pelo formato e topografia do terreno, a implantação da construção se deu de forma alongada e sinuosa, em três seções de reta, como um “S” aberto. Assim, a construção linear se encaixa no relevo quase sem movimentação de terra. Todos os ambientes se voltam para o fundo do lote, valendo-se das vantagens das faces norte e nordeste e da bela vista para montanhas e mata nativa. Na face oposta, voltada para a rua de acesso, um paliteiro de madeira ao longo de toda a fachada protege o interior de maneira leve e não totalmente opaca, preservando a privacidade.
Toda a terra gerada pela pequena movimentação da terraplenagem e proveniente das escavações das fundações foram aproveitadas no embasamento em três volumes pensados como caixas e construídos com paredes de terra socada, na técnica ancestral revisitada da taipa de pilão, executada pela Taipal Brasil. Essas paredes, com 30cm de espessura, acomodam a adega, as acomodações para hóspedes e serviços e, nos intervalos entre elas, os espaços abertos são usados como varandas e garagem coberta.
Como não existem pilares de concreto, foram projetadas duas vigas de concreto longitudinais, para distribuir as cargas de maneira uniforme sobre as paredes de taipa.
A estrutura de madeira laminada colada em eucalipto do pavimento superior repousa suavemente, através de uma sequência modular de vigas transversais de madeira, sobre as vigas de concreto, com balanços simétricos, de maneira equilibrada, evitando torções.
Toda a estrutura foi montada rapidamente e coberta com telhas metálicas “sanduiche” (camada dupla de chapas metálicas com miolo de poliuretano expandido) protegendo já no período de obra, as paredes e estrutura de madeira das intempéries. As telhas metálicas se apresentam integralmente na arquitetura como cobertura e forro interno dos espaços, a camada superior foi pintada na cor terracota e na face inferior interna aos ambientes da casa foi pintada de branco.
O pavimento superior tem, de um lado os dormitórios e banheiros e, do outro, o espaço de convívio social, bastante transparente para a vista. Estes dois setores estão separados por um intervalo, uma ampla varanda aberta, que configura um espaço de entrada no meio da construção. Na área de convívio, todas as funções são integradas e abertas, reforçando a ideia do compartilhamento de atividades, sempre desfrutando da paisagem e do horizonte variado. O paisagismo é assinado por André Paoliello e fazem parte da equipe de projeto com Camila Ungaro, Laura Tomiatti, Thiago Benucci, Victória Menezes e Manoella Pessoa.
