A cara dos donos

Projeto de reforma mostra a necessidade de traduzir em cada canto da casa, personalidade e rotina de quem nela mora

Insta: Bruno Rossi

Como a moradia passou a ser entendida depois da experiência reversa à que estávamos acostumados, de sair cedo para trabalhar e voltar no final do dia? A rotina de ficar em casa, iniciada pela pandemia, fez com que muitas pessoas começassem a repensar o morar. A valorização de espaços ao ar livre e o exercício de traduzir em cada canto a personalidade, a rotina e as necessidades de cada um, foram respostas encontradas por muitos, para ampliar o prazer, em tempos em que a área de contato real com outras pessoas foi drasticamente reduzida.

A reforma feita pelo escritório Bruno Rossi Arquitetos nessa residência, localizada na cidade de Campinas, interior de São Paulo, buscou precisamente esse entendimento. Em uma vila de casas com plantas iguais e espaços compartimentados divididos por paredes e por diferentes níveis, o projeto deu uma cara nova à casa. Agora sim, a casa ficou com a cara dos donos.

Com aproximadamente 225m² de área construída, a primeira intervenção tratou de reordenar os espaços internos, eliminando divisões e assim criando novas condições de iluminação e ventilação naturais. As demolições internas permitiram dar unidade de espaço e luz, além de proporcionar novas conexões visuais entre o ambiente interno e o jardim nos fundos, anteriormente ocupado em quase toda sua extensão por uma piscina.

O térreo passou a abrigar cozinha, salas de estar e jantar, escritório, lavabo, serviços e área de lazer (com churrasqueira e redário), que ocupam agora o pátio / jardim nos fundos do terreno. Já, as suítes ocupam o pavimento superior.

A área integrada das salas se organiza entre o estar e o ambiente dedicado à projeção de filmes, onde uma tela se estende sobre o caixilho, redefinindo o espaço entre a interação com a área externa e a privacidade da projeção de filmes.

O estilo particular da família também está presente nas peças de antiquário e na coleção de arte. A arquitetura da reforma funcionou como suporte para essas peças, que foram dispostas em um layout flexível e mutável.

Os materiais utilizados são predominantemente simples e comuns, como o aço, o concreto e a madeira. Um destaque especial é destinado para o forro da cozinha, feito em chapa metálica perfurada que, por sua vez, contém as luminárias embutidas.

FOTOS: @scarpa_andre

DESTAQUES

Ouça nossas playlist em

LEIA MAIS

Living do Colecionador

Ambiente assinado por Joana Hardy na CASACOR Minas 2025 propõe interpretação contemporânea das casas mineiras

A arte de bem receber

Projeto da arquiteta Manuela Senna esbanja sofisticação e apuro técnico e demonstra clara intenção de reunir pessoas, memórias e afetos

Por quê importa?

Dunia Zaidan na CASACOR Minas 2025 rompe com ideia que associa neutralidade à elegância reafirmando o valor da expressão individual

Suíte de hotel

Em seu ambiente para a CASACOR Minas 2025, Sérgio Viana propõe um ambiente que conecta o visível e o sensorial