Jóias da Mantiqueira

Fazenda de produção dos azeites OLIQ tem visitas guiadas e charmoso restaurante com projeto de Marcelo Alvarenga e Juliana Figueiró

Insta: Azeite OliqPlay Arquitetura

Entre as belezas naturais da Serra da Mantiqueira, a cadeia montanhosa que se estende por cerca de 500 km na divisa entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, há com florestas com vegetação típica da Mata Atlântica, além de rios, cachoeiras e mirantes com vistas de tirar o fôlego. É nessa região que duas fazendas, São José do Coimbra e Santo Antônio do Bugre, em um espaço difuso entre a divisa de Minas e São Paulo, cultivam oliveiras e processam os azeites extravirgens OLIQ.

São mais de 10 mil oliveiras, de diversas variedades, cujos frutos resultam em azeites extravirgens especiais. Aproveitando a diversidade dos produtos da Serra, são produzidos também azeites aromatizados, geleias, doce de leite e café. OLIQ é o resultado da união de três amigos apaixonados pela Mantiqueira, Cristina Gonçalves Vicentin e o casal Vera Masagão Ribeiro e Antônio Gomes Batista. Vera é paulistana e Cristina e Antônio são mineiros. Ela de Paraisópolis, bem na divisa com São Bento do Sapucaí, onde estão plantados os olivais da sociedade, e ele de Itabirito, cidade entre Belo Horizonte e Ouro Preto.

O trio decidiu produzir de forma sustentável, com respeito ao meio ambiente e à cultura da região e as primeiras safras e testes se iniciaram em 2009. Em 2014, a marca OLIQ veio selar o compromisso dos três amigos com a olivicultura de montanha. A cada ano, são elaborados cuidadosamente blends e monovarietais com sabores únicos.

A cada ano, também, OLIQ recebe mais e mais visitantes e uma das opções de passeio é o tour guiado, para conhecer o pomar e variedades de oliveiras, saber mais sobre o processo de colheita, de extração e de produção e fazer uma degustação dos azeites da safra.

Desde o ano passado é possível passar por uma experiência ainda mais completa, com o restaurante, onde os azeites e produtos regionais são protagonistas de uma criativa cozinha. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela Play Arquitetura, sob a batuta de Marcelo Alvarenga e Juliana Figueiró, os mesmos que assinam o projeto do Lagar.


Os ambientes do restaurante são aconchegantes e perfeitamente integrados aos pomares e jardins circundantes, assim como à área onde o azeite OLIQ é produzido. O serviço conta com os moradores dos bairros rurais do entorno – Bairos do Cantagalo e da Bocaina, além de moradores de São Bento e de Gonçalves – gente que gosta de receber bem e mostrar os encantos do lugar.

Marcelo Alvarenga conta que o primeiro projeto foi o do Lagar, a fábrica onde é feito o azeite, em 2013. Já havia áreas construídas, como a de serviço, a garagem, o curral e o paiol, com telhado de duas águas e tabeiras coloridas. “Exploramos a geometria simples, mas comprida, semelhante as extensas granjas”, exemplifica o arquiteto.

Em 2016 o Lagar foi ampliado com a parte interna pensada como uma caixa de madeira e vidro que permite ao visitante enxergar de fora todo o processo. Em uma ponta ficava uma varanda para degustação e, na outra o escritório.

Aos poucos, o crescimento foi inevitável e, em 2019 veio o restaurante, que foi concluído em 2020. Tirando partido da localização privilegiada, uma ponta com vista panorâmica, ele seguiu a linha do anexo. “Optamos por uma geometria mais pura, ‘quase uma aplicação gradual do que a arquitetura pode ser: primeiro o Lagar, com uma construção industrial, simples, sem muitas intenções arquitetônicas, mas coerente com o momento. Depois, fomos ganhando confiança e fizemos um projeto mais arrojado”. detalha

O muro de pedras, a marcenaria e a serralheria foram executados por parceiros da região. “Todos muito caprichosos, empenhados em seus ofícios, executando a obra artesanalmente”, comenta. E, como as alterações foram acontecendo, a ideia inicial de um bistrô passou para um restaurante de 30 a 40 mesas que logo foi ampliado também, fazendo com que o terraço se tornasse uma pérgula com mais assentos.

Embaixo do terraço foi feita uma sala de degustação em uma construção que permite o livre fruir dos visitantes.  “ Tanto para nós da Play Arquitetura, como para os proprietários, a proposta do restaurante teve um caráter de novidade, de experimentação de tipologias e também pelas surpresas que foram acontecendo com o crescimento da área.

A área total do restaurante é de 485m2, sendo 220m2 em cima e 275m2 em baixo. “Como nem tudo foi planejado previamente, nos envolvemos muito para que não houvesse impactos negativos, sem pensamentos unitários, mas também sem resistência à mudança. O legal é pensar como essa fusão de gente, saberes, empenhos, da arquitetura e da produção de azeite faz com que pareça natural a forma potente como tudo floresceu”, comenta Marcelo.

Para ele que considera um privilégio e um prazer fazer um projeto como este é ainda maior a satisfação ao perceber que as pessoas vão conhecer as produções da OLIQ e aproveitam o lugar de diferentes modos. Um deles, muito atraente por sinal, o de simplesmente deitar na grama e observar a paisagem.

FOTOS: Leonardo Finotti

DESTAQUES

Ouça nossas playlist em

LEIA MAIS

Arte entre muitas camadas

Ana Claudia Almeida impacta tanto com a solidez quanto fluidez de seus trabalhos, sucesso em galerias brasileiras e no exterior

Presente imperativo

A demanda de construir uma casa em tempo mínimo não impediu ao escritório Bloco Arquitetos, de Brasília, de superar expectativas

O Sertão é Ser Tão

Exposição em SP, da AM Galeria de Arte, encanta e surpreende ao mostrar o traço comum dos artistas ali reunidos

Atração e repulsa

Ruídos, exposição da artista Berna Reale, em cartaz no CCBB BH, apresenta um recorte da extensa produção da artista paraense

plugins premium WordPress