Como os ciganos fazem as malas

Novo espetáculo do Grupo Galpão estreia amanhã, com proposta virtual, pelo aplicativo Telegram e instiga a saudade coletiva de viajar

Insta: Grupo Galpão

Os primeiros espetáculos foram nas ruas, há 39 anos. Embora com poucos recursos, as apresentações do Grupo Galpão em Belo Horizonte nesse início de uma carreira celebrada durante toda sua trajetória, já seduziam uma plateia heterogênea, surpreendida com um clima de festa, nas peças simples e nas investidas em adaptações de clássicos. Com o tempo, o grupo foi amadurecendo estéticas e referências e passou a se apresentar também fora de Minas Gerais.

O encontro com o diretor Gabriel Villela aconteceu em 1992 e não só projetou o Galpão em nível nacional, mas garantiu sua presença em festivais internacionais e apresentações no The Globe, templo shakespeariano em Londres. Na capital mineira e cidades próximas, os espaços públicos ficaram pequenos para assistir Romeu e Julieta, que transformou uma caminhonete em palco.

A partir daí, é como se a cada apresentação do Grupo Galpão acontecesse uma celebração em que a plateia participava ativamente. A cada montagem, um diretor convidado, como Paulo José, em O Inspetor Geral, de Gogol, por exemplo e o russo Jurij Alschitz, que dirigiu Eclipse, baseado em Tchekhóv. Vieram muitos outros espetáculos, com Os Gigantes da Montanha, de Pirandello, trazendo de volta o trabalho com Gabriel Villela e Tio Vânia (aos que vieram depois), que repete Tchekhóv e tem direção de Yara de Moraes.

Assim como muitos outros grupos de teatro que esperam a reabertura de teatros, que começam, ainda que timidamente, a retomar as atividades em algumas cidades, o Grupo Galpão, em seu novo trabalho, investe na proposta virtual. “Como os ciganos fazem as malas”, texto de Newton Moreno, pesquisa e atuação do ator Paulo André, e criação de Yara de Novaes, Paulo André, Tiago Macedo e Barulhista estreia amanhã e será pelo aplicativo Telegram.  

A experiência será em tempo real em todas as sessões e o próprio Paulo André, cujo personagem é o escritor, que viaja em um avião, instigando a saudade de muitos de viajar e alimentando o público com reflexões, imagens, áudios e vídeos com participações de atores e atrizes do Grupo Galpão e convidados.

De casa, do carro, ou de qualquer lugar onde esteja conectado, o público recebe as fotos, áudios, GIFs, mensagens de texto e vídeos desse protagonista sobre um vizinho de poltrona, além de avisos da aeromoça e escritos que ele elabora no percurso. Uma função da plataforma permite que áudios e vídeos continuem tocando na tela mesmo durante a rolagem, criando uma sinfonia de relatos como plano de fundo.

Em determinado momento é possível opinar sobre o tempo que deve durar a escala do voo. Pode ser um breve respiro, de um minuto, apenas para trocar de poltrona, ou uma pausa mais longa para beber uma água ou um café —função que relembra o público que há uma pessoa por trás da tela. Não se trata de um envio automático de mensagens.

O espetáculo integra o projeto “Dramaturgias – Cinco passagens para agora” que, ao longo do ano, apresentará cinco experiências. Todas em formatos online, em mídias diferentes e o público pode retirar ingressos gratuitos pela plataforma Sympla.

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