Há exceções, mas quase todo mundo ama tacos de peroba. Nesse projeto do Estúdio Zargos, eles conectam memória e identidade
Insta: ESTÚDIO ZARGOS – CARIJÓS

Piso de taco de peroba costuma acender uma luz gostosa no imaginário dos brasileiros. É que ele traça uma conexão direta com a nossa identidade arquitetônica já que sua presença foi marcante em grande parte das edificações construídas entre as décadas de 1950 e 1970.




Por isso, nesse apartamento, tanto o taco de peroba, como as pastilhas de cerâmica foram incorporados com intenção clara. Com esses elementos, o projeto do Estúdio Zargos buscou resgatar um pouco da memória construtiva original do edifício, localizado no coração de Belo Horizonte e inaugurado em 1954.


Sem estacar no meio do caminho e seguindo na mesma partitura, uma criteriosa curadoria do mobiliário elegeu algumas peças assinadas por nomes fundamentais do design modernista, como Jorge Zalszupin, Percival Lafer, Giuseppe Scapinelli, Celina Zilberberg, Luciano Santiago, Dominici, Cimo, Willy Guhl e Isamu Noguchi. O projeto conseguiu, assim, reforçar sua identidade estética, ativando outras camadas de vínculos afetivos e culturais com o modernismo nacional e internacional.




As escolhas das cores e formas que definem a atmosfera do apartamento também foram criteriosas. E ganharam força com os trabalhos em azulejaria do artista mineiro Alexandre Mancini, presentes no painel da cozinha e no díptico que compõe a sala. São obras que estabelecem conexões visuais entre os diferentes ambientes e contribuem para a narrativa sensível do espaço.

Complementam o projeto peças e obras de artistas e designers locais, como Giuliano Camatta, Dolores Orange, Aveia Tapeçaria, O Ateliê de Cerâmica e Estúdio Veste, criações que reforçam o compromisso com a produção autoral e com o fortalecimento da cena criativa local.




O resultado é um ambiente que vai além da funcionalidade: um espaço onde memória, conforto e identidade se entrelaçam, oferecendo uma experiência de habitar profundamente conectada ao tempo e ao lugar.

FOTOS – STUDIO TERTÚLIA





